O nosso artigo de hoje é puro amor!
Praticamente todas as pessoas ao longo da vida já tiveram ou ainda terão algum animal de estimação. Afinal, quem não se encanta com um amigo fiel que nos faz companhia, que se alegra com nossa chegada, que está sempre pronto para brincar, e que nos faz sorrir mesmo naqueles dias mais tensos? Quem consegue definir esse amor que não seja através da expressão “amor incondicional”? E quão gostoso é construir este apego baseado no cuidado, no carinho e em gestos amorosos. É um tipo de demonstração de afeto que ultrapassa a linguagem, e ainda assim conseguimos nos comunicar tão bem com eles.
Pesquisas do IBGE revelam que, no Brasil, o número de animais de estimação ultrapassa significativamente o número de crianças nos lares, e esta estimativa tende a aumentar. Um dos motivos para este fenômeno é devido ao fato de as mulheres estarem tendo menos bebês, ou optam por terem filhos cada vez mais tarde, fazendo com que os lares tenham pouca gente. Isso deve-se também ao aumento da população idosa, cujos filhos já saíram de casa. Sendo assim, a adoção de animais de estimação em um lar é uma das alternativas que podem ajudar a trazer mais alegria, mais vida, direcionar o afeto, a exercitar o cuidado e ter companhia.
Porém, todos sabemos que a expectativa de vida dos animais é muito curta em relação ao tempo em que o dono viverá, por mais que eles sejam bem cuidados.
Dessa forma, inevitavelmente os donos um dia verão seus companheiros adoecerem, e morrerem.
E quão dolorida é a ausência desse nosso amigão de quatro patas.
Em seu lugar, fica um silêncio que por vezes ensurdece, fica um vazio que nada preenche, e todo este afeto que era direcionado a eles, agora se perde e precisa ser reajustado. Inicia-se então o processo de Luto, do qual ninguém consegue fugir, mais cedo ou mais tarde, por uma ocasião ou outra em sua vida.
A dor sentida pela morte (ou desaparecimento) de um animal de estimação é intensa, e proporcional ao vínculo estabelecido. Portanto, não será uma tarefa fácil de elaborar esta perda, ainda mais se considerarmos o fato de que este tipo de luto em nossa sociedade é considerado como Luto Não Reconhecido, ou seja,pouca atenção é dada a este tipo de perda e geralmente não existe um suporte da rede de apoio para validar e apoiar este momento ao enlutado, pois muitos pensam : “Ah, era só um cachorro…” (Quem nunca ouviu isso?) Este tipo de atitude tende a invalidar o sofrimento, a não dar espaço nem autorização para que ele seja vivenciado, tal qual pede o processo de luto.
E por vezes torna-se uma dor sufocada, uma dor silenciada, na qual o dono também não se permite expressar, por vezes temendo ser rejeitado socialmente ou ser tido como fraco.
Essa angústia, essa dor, quando não encontra espaço para ser vivenciada, para ser falada, elaborada, por muitas vezes manifesta-se em sintomas corporais, através de doenças psicossomáticas, que têm origem na psiquê, nas emoções,na alma.
Para que o processo de Luto devido à perda de animais de estimação siga um curso favorável, é muito importante que a rede de apoio, ou seja, os amigos, os familiares, sejam empáticos com relação ao sofrimento do enlutado, sempre validando sua dor, dando espaço para que ele possa falar e chorar por seu animal o quanto quiser, sendo dada a a esta perda verdadeira importância que tem. É também necessário que o enlutado que perdeu seu animalzinho permita-se viver toda a mistura de emoções e sentimentos que são inerentes a esta perda, e a expressar o seu pesar.
Outras atitudes que ajudam nesta elaboração são os rituais.
Como por exemplo, um sepultamento do animalzinho em um lugar significativo para a família, onde eles possam visitá-lo sempre que sentirem saudades. Ou então pode ser realizado o plantio de uma flor ou uma árvore em memória do companheiro, fazer doações a uma ONG que ajuda animais, em memória do mesmo.É interessante organizar álbum memorial de fotos, ou escrever a história do animal, visando assim construir caminhos para que essa perda possa aos poucos ser elaborada . Para as crianças, pode ser sugerido que elas escrevam uma carta ao companheiro falecido, e a morte do animal nunca deve ser escondida da mesma. É uma oportunidade de o adulto poder falar e explicar sobre a a experiência da morte para a criança, de forma honesta. Falarei mais disso na categoria sobre Luto Infantil.
O Luto caracterizado como Não Reconhecido é um tipo de luto que não encontra espaço para ser vivenciado na sociedade, e pode levar ao adoecimento. Por isso, o Atendimento Psicológico é muito útil no processo de elaboração deste e de todos os tipos de Luto, e é uma das lindas contribuições da Psicologia para com a sociedade.
No meu canal do Youtube @Renascendo do Luto, fiz uma série especial de vídeos sobre Luto pela Perda de Animais de Estimação.
Entra lá para ver, a série está com um conteúdo muito rico e em um ambiente bem natural!
Com amor,
Grace B.Benato
Psicóloga
CRP 06/115185
Idealizadora do Projeto Renascendo do Luto